A alimentação sem glúten tem se tornado um tópico de grande relevância no mundo contemporâneo. Nos últimos anos, observou-se uma crescente demanda por opções alimentares que excluem essa proteína, refletindo uma mudança significativa nas escolhas e necessidades dos consumidores.
De acordo com a CNN, um relatório do Euromonitor International registrou que a categoria de alimentos saudáveis foi a que mais se consolidou e cresceu no ano de 2020, atingindo um total de R$100 milhões em vendas. Esse movimento não se limita apenas ao glúten, pois refeições sem lactose ou sem carne também têm apresentado um crescimento significativo.
Ainda de acordo com a página do relatório, o IBGE (Instituto Nacional de Estatística), em 2017, registrou que cerca de 40% da população brasileira já tinha conhecimento de algum tipo de intolerância à lactose. Esse número, sem dúvida, reflete uma tendência mais ampla de conscientização sobre as necessidades nutricionais individuais.
No ambiente corporativo, essa conscientização é ainda mais crucial. As empresas estão percebendo a importância de oferecer opções alimentares diversificadas para seus colaboradores, respeitando as escolhas e necessidades individuais de cada um.
Conforme a Premium Essencial Kitchen, o plano alimentar no ambiente corporativo é uma estratégia essencial que caracteriza o comprometimento da organização com a saúde e o bem-estar dos colaboradores e essa atitude resulta em vários fatores positivos. Sendo assim, um plano de alimentação corporativa bem planejado é essencial para todos os envolvidos.
Dessa maneira, a inclusão alimentar no ambiente corporativo vai além de simplesmente oferecer opções sem glúten. Trata-se de reconhecer a diversidade de necessidades e preferências, garantindo que todos se sintam acolhidos e respeitados.
Em conclusão, a alimentação sem glúten no ambiente corporativo é uma manifestação da evolução das práticas de inclusão e bem-estar no trabalho. As empresas que reconhecem e se adaptam a essa tendência não apenas atendem às necessidades de seus colaboradores, mas também se posicionam como líderes em inovação e cuidado humano.
O que é glúten?
O glúten é uma proteína formada por outras duas proteínas menores, a gladiadina e a glutenina, e pode ser encontrado principalmente em trigo, centeio, cevada, malte, triticale e aveia (por contaminação), bem como em seus derivados. Ele é responsável pela textura elástica da massa do pão e atua como um agente de ligação, dando estrutura a muitos produtos assados. Quando misturado com água, o glúten forma uma rede pegajosa e elástica, o que permite que o pão, por exemplo, cresça e mantenha sua forma.
Embora seja uma fonte de proteína para muitas pessoas, o glúten pode causar problemas digestivos e outros sintomas indesejáveis e até graves em indivíduos com doença celíaca ou sensibilidade ao glúten.
As pessoas diagnosticadas com doença celíaca são àquelas que possuem uma enfermidade autoimune crônica em que o consumo de glúten danifica o revestimento do intestino delgado e dentre os sintomas estão a diarreia, distensão abdominal, má absorção e perda de apetite. Não existe cura para essa doença e o glúten deve ser cortado da alimentação. Porém, existem pessoas que podem ter sensibilidade ao glúten não celíaca, uma condição em que os sintomas são semelhantes aos da doença celíaca, mas sem os danos intestinais associados.
Além das pessoas que necessitam eliminar o glúten da dieta por uma enfermidade, existem àquelas que optam por uma alimentação “glúten free” em busca de uma vida mais leve e saudável, e de seus benefícios, dentre eles, redução no risco de inflamações e melhoria na digestão.
O que é uma dieta sem glúten?
A dieta sem glúten consiste em excluir completamente da alimentação diária todos os alimentos que contenham essa proteína em sua composição. Sendo assim, quais alimentos que contém glúten?
Todos àqueles que possuem essa proteína em sua composição ou àqueles que a possuem por contaminação cruzada, ou seja, durante a fabricação em um mesmo local e/ou equipamento onde há produção de alimentos contendo glúten.
Alguns dos alimentos mais comuns que contém glúten são:
- Pão tradicional (feito de trigo)
- Massas (como macarrão e espaguete)
- Bolos e tortas
- Biscoitos e bolachas tradicionais
- Cereais matinais à base de trigo
É importante ressaltar que antes de fazer qualquer mudança significativa na alimentação, é aconselhável consultar um profissional de saúde ou nutricionista. Eles podem oferecer orientações sobre como garantir uma dieta equilibrada e nutritiva, evitando deficiências nutricionais que podem surgir ao excluir certos alimentos.
A relevância da alimentação sem glúten no ambiente corporativo
A relevância do tema no ambiente corporativo reside na crescente conscientização sobre doenças relacionadas ao glúten e na busca por promover um ambiente de trabalho mais inclusivo e saudável para todos os colaboradores.
Os benefícios de uma dieta sem glúten vão além da simples exclusão de uma proteína. Para aqueles que têm doença celíaca ou sensibilidade ao glúten, evitar o glúten é essencial para prevenir sintomas desconfortáveis e potencialmente graves. Além disso, muitas pessoas relatam se sentir mais energizadas e menos inchadas ao adotar essa dieta. No contexto corporativo, isso pode se traduzir em maior produtividade e menos dias de afastamento por problemas de saúde.
No entanto, é crucial abordar os riscos de uma dieta sem glúten. Se não for bem planejada, essa dieta pode levar a deficiências nutricionais, pois muitos alimentos ricos em glúten também são fontes importantes de vitaminas e minerais. Além disso, nem todos os produtos sem glúten são saudáveis; muitos podem ser ricos em açúcares e gorduras. Portanto, é essencial que as empresas ofereçam opções sem glúten que sejam nutritivas e equilibradas.
Como ler rótulos de alimentos para identificar o glúten?
Para identificar se um alimento contém glúten, é importante ler o rótulo do produto. Os rótulos dos alimentos devem trazer informações explícitas sobre a presença do glúten, como “contém glúten” ou “não contém glúten”.
Porém, se você é celíaco, caso haja no rótulo do alimento a informação “Contém Glúten” e apareça nenhum alimento que contenha glúten na lista de ingredientes, não o consuma mesmo assim, pois essa informação se refere o fato de que esse alimento foi fabricado/produzido em um ambiente e/ou equipamento em que possa haver contaminação cruzada por outros alimentos que contenham glúten.
Então, também é importante verificar a lista de ingredientes do produto, pois, conforme apontado anteriormente, o glúten pode estar presente em ingredientes como trigo, cevada, centeio e triticale bem como em seus derivados e na aveia por contaminação.
Caso o rótulo não traga informações claras sobre a presença ou ausência de glúten, é recomendado entrar em contato com o fabricante ou equipe de cozinha para obter mais informações.
Para os alimentos livres de glúten, os rótulos devem conter a inscrição “não contém glúten”. É importante lembrar que pessoas com intolerância ou sensibilidade ao glúten devem ter atenção redobrada na leitura dos rótulos dos alimentos para evitar o consumo acidental de glúten. Portanto, se você é celíaco, atenção redobrada na leitura dos rótulos dos alimentos para evitar o consumo acidental de glúten.
Como montar um cardápio sem glúten atrativo?
A alimentação sem glúten tem ganhado cada vez mais adeptos devido aos benefícios que proporciona à saúde. Para muitas pessoas com sensibilidade ao glúten ou é portador, principalmente, a doença celíaca, a adoção de uma dieta sem glúten é fundamental.
No entanto, criar um cardápio sem glúten atrativo para o ambiente corporativo pode ser um desafio, mas com estratégias adequadas e substituições saborosas e nutritivas, é possível proporcionar refeições deliciosas e equilibradas que atendam às necessidades dos colaboradores. Por isso a importância de conhecer as possíveis substituições disponíveis.
O glúten, presente em alimentos à base de trigo, cevada e centeio, pode ser substituído por uma variedade de ingredientes sem glúten, como farinha de arroz, farinha de amêndoas, farinha de coco e fécula de batata. Incorporar ingredientes naturais, como quinoa, arroz integral e aveia certificada como sem glúten, também são ótimas opções ao oferecer refeições equilibradas e atrativas.
Outra estratégia importante é a inclusão de variedade e opções sazonais no cardápio corporativo sem glúten. Isso não apenas torna as refeições mais interessantes, mas também permite aproveitar os alimentos frescos e da estação, que geralmente são mais saborosos e nutritivos.
A seguir, apresentamos um exemplo de cardápio semanal sem glúten para o ambiente corporativo que oferece as principais refeições do dia em formato de tabela, que pode servir como inspiração:
Dia da Semana | Café da Manhã | Almoço | Jantar | Sobremesa |
Segunda | Smoothie de frutas e opções de waffles sem glúten com geléias | Salada de quinoa com legumes grelhados e peito de peru sem glúten | Salmão grelhado com molho de ervas e brócolis cozidos no vapor | Pudim de chia com frutas vermelhas |
Terça | Omelete de cogumelos, tomate e queijo sem glúten e sucos de fruta | Arroz parborizado, frango assado com batatas doces assadas e aspargos grelhados | Espaguete sem glúten com almôndegas de carne de porco em molho de tomate e abobrinha | Sorvete de coco sem glúten |
Quarta | Panquecas de Banana e Aveia Sem Glúten e sucos de fruta | Salada de quinoa com vegetais e frango | Frango ao curry com arroz e couve-flor | Salada de frutas frescas |
Quinta | Crepeletes com pasta paçoca e morangos e sucos de fruta | Canelone sem glúten | Risoto de cogumelos com arroz arbóreo sem glúten | Pudim de chia |
Sexta | Bolo de banana com aveia e sucos de fruta | Wrap de salmão defumado com abacate e salada | Nhoque de espinafre sem glúten | Creme de manga sem glúten |
Montar um cardápio sem glúten atrativo no ambiente corporativo requer planejamento e criatividade. Com substituições saborosas, variedade sazonal e atenção às preferências dos colaboradores, é possível oferecer refeições que atendam às necessidades nutricionais de todos, contribuindo para a saúde e satisfação no local de trabalho.
5 Desafios da Implementação
A alimentação sem glúten tem ganhado destaque como uma opção necessária para muitas pessoas que sofrem de sensibilidade ao glúten ou doença celíaca. A implementação de um cardápio com alimentos sem glúten em estabelecimentos de alimentação apresenta diversos desafios a serem superados para garantir a segurança e a satisfação dos clientes.
1. Garantindo a ausência de contaminação cruzada
A contaminação cruzada com glúten é um risco real ao preparar alimentos em ambientes que também manipulam produtos com glúten. Dessa forma, garantir que os alimentos sem glúten sejam preparados e armazenados de forma segura, evitando qualquer contato com glúten, é um desafio crítico para manter a segurança dos alimentos.
Para solucionar esse ponto uma dica é estabelecer procedimentos rigorosos. Treine a equipe para seguir procedimentos estritos de manipulação de alimentos, como a limpeza de utensílios e superfícies entre o preparo de pratos com e sem glúten.
Ou seja, o uso da barreira técnica para os diferentes preparos. Quando possível, a empresa pode optar por implantar área de preparo, armazenamento e utensílios de preparo e de servimento exclusivos para o preparo dos alimentos sem glúten.
2. Treinamento de equipe e conscientização
A equipe que prepara e serve as refeições deve estar devidamente treinada para entender as necessidades dos colaboradores que optam por uma alimentação sem glúten.
Assim, a conscientização sobre a importância da segurança alimentar e o respeito pelas restrições alimentares são fundamentais para evitar erros e garantir uma experiência positiva para os colaboradores.
3. Seleção criteriosa de ingredientes e fornecedores
A escolha dos ingredientes desempenha um papel crucial na oferta de alimentos sem glúten de qualidade. É fundamental selecionar fornecedores confiáveis que possam garantir a procedência sem glúten de seus produtos.
Ademais, os chefs e nutricionistas devem analisar cuidadosamente os rótulos dos alimentos, verificando a presença de traços de glúten e certificando-se de que os ingredientes utilizados sejam realmente isentos dessa proteína.
4. Desenvolvimento de um cardápio variado e atrativo
Oferecer um cardápio sem glúten que seja variado e atrativo é um desafio que exige criatividade. É importante criar pratos saborosos e equilibrados que atendam às preferências de clientes com restrições alimentares. Isso envolve a exploração de ingredientes alternativos e o desenvolvimento de receitas que sejam igualmente saborosas e visualmente atraentes.
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5. Diversidade de Restrições Alimentares
Um dos principais desafios é lidar com a diversidade de restrições alimentares dentro da empresa. Nem todos os colaboradores que optam por uma alimentação sem glúten têm as mesmas necessidades ou preferências. Alguns podem seguir uma dieta sem glúten por escolha, enquanto outros têm necessidades médicas específicas. Portanto, é preciso oferecer opções que atendam a essa variedade de restrições.
Superar esses desafios é essencial para atender às necessidades dos clientes que buscam uma alimentação sem glúten, promovendo assim uma experiência gastronômica segura e satisfatória. A atenção aos detalhes e o compromisso com a excelência são fundamentais para o sucesso nesse empreendimento.
Dicas para uma implementação bem-sucedida
Abaixo serão apresentadas cinco dicas valiosas que podem auxiliar na realização do processo de implementação de forma eficaz e bem-sucedida, atendendo às necessidades daqueles que buscam uma alimentação isenta de glúten.
Avalie a demanda e os recursos disponíveis
É importante realizar uma análise de interna para entender a demanda dentro da empresa. Além disso, avalie os recursos disponíveis, como a disponibilidade de ingredientes sem glúten, os custos envolvidos na implementação e as habilidades da equipe de cozinha. Essa análise ajudará a determinar a viabilidade da iniciativa.
Desenvolva um cardápio diversificado
Um cardápio sem glúten bem-sucedido deve ser variado e atrativo. Isso envolve a criação de pratos saborosos que atendam às preferências dos clientes, utilizando ingredientes alternativos, como farinhas sem glúten, e desenvolvendo receitas criativas. Certifique-se de oferecer opções para diferentes refeições, incluindo café da manhã, almoço, lanche e jantar.
Lembrando sempre que toda empresa de alimentação coletiva deve contar com a contratação de um profissional nutricionista como responsável técnico, principalmente na elaboração de cardápios especiais e intitulados equilibrados nutricionalmente.
Estabeleça práticas rigorosas de segurança alimentar
A segurança alimentar é fundamental ao lidar com a alimentação sem glúten. Implemente práticas rigorosas para evitar a contaminação cruzada, garantindo que os alimentos sem glúten sejam preparados e armazenados separadamente dos alimentos que contêm glúten. Treine a equipe de cozinha para adotar medidas preventivas e assegure-se de que todos os utensílios e superfícies sejam devidamente higienizados.
Esteja aberto ao feedback e à melhoria contínua
Receber feedback dos clientes é valioso para aprimorar continuamente seu cardápio sem glúten. Esteja aberto a críticas construtivas e use as sugestões dos clientes para fazer melhorias. A adaptabilidade é uma chave para o sucesso a longo prazo.
Mantenha-se atualizado e adaptável
O mundo da alimentação sem glúten está em constante evolução, com novos produtos e tendências surgindo regularmente. Mantenha-se atualizado sobre as últimas novidades e esteja disposto a adaptar seu cardápio de acordo com as demandas e preferências em constante mudança dos clientes.
Conclusão
Em conclusão, a implementação de uma alimentação sem glúten bem-sucedida requer conhecimento, planejamento, atenção aos detalhes e um compromisso contínuo com a excelência. Ao seguir essas dicas, você estará preparado para atender às necessidades daqueles que buscam uma alimentação sem glúten de forma eficaz e satisfatória.
Texto revisado por Renata da Costa Coelho Perim Bosso, Nutricionista apaixonada por consultoria no setor de alimentos, formada pela UNOPAR em 2004 e especializada em Nutrição Clínica. Renata trabalhou como Autoridade Sanitária Fiscal entre 2012 e 2022 e atualmente está envolvida com consultorias e na Alimentação Escolar de um município paranaense.